Antonio Wrobleski Filho, presidente da operadora logística Trafti, empresa resultado da fusão de cinco companhias do ABC Paulista neste ano, foi um dos palestrantes do V Seminário Brasileiro de Logística, realizado nesta terça-feira pela NTC&Logística em São Paulo
Fusões. Esse tema vem aparecendo na mídia com maior frequência nos últimos meses. Mas, por quê? Para se ter uma ideia, no ano de 2008, o total geral movimentado por fusões de empresas no mundo ultrapassou a casa dos US$ 3 trilhões. No Brasil, nesse mesmo período, levando em consideração somente as empresas nacionais, o total movimentado foi de R$ 100 bilhões. Percebe-se, por meio desses dados, o porquê do assunto ser tema constante nas páginas dos jornais.
“Fusão é o caminho e não a solução”, alerta Antonio Wrobleski Filho, presidente da Trafti, empresa de logística que surgiu da fusão de cinco companhias do ABC Paulista, durante o V Seminário Brasileiro de Logística, realizado pela Associação Nacional de Transporte e Logística (NTC&Logística) nesta terça-feira, 1º de setembro.
Segundo Wrobleski, no Brasil, no primeiro semestre, foram realizadas 73 operações do tipo e são esperadas, somente para o segundo semestre, mais 500 novas fusões, ultrapassando a média histórica de 384, tendo como base os anos entre 2002 e 2005. Somente em 2008, foram registradas 604 fusões de empresa no território nacional. Do total, o setor de transporte e logística representa 10%.
Implementação
Para se implementar uma fusão, diz o executivo, são necessários cinco estágios: Estratégia e Desenho, Integração, Medição de Desempenho, Capacitação do RH e Governança.
No primeiro deles, é preciso desenhar todo o projeto e estabelecer cada uma das ações a serem executadas, com princípio, meio e fim. Além disso, é necessário estabelecer um programa contínuo e de boa comunicação, além de analisar e interpretar os valores e cultura de cada uma das empresas que irão se juntar, bem como levar em consideração as habilidades de cada uma. “Interpretar os valores é a parte mais difícil”, comenta.
Durante a ‘Integração’ das empresas, é preciso dar muita atenção ao tempo, executá-la de uma única vez, “e não deve passar de 12 meses”, ressalta. O modelo de gestão adotado para a tomada de decisões rápidas é o ‘top-down’, no qual se estabelece quem vai tomar essas decisões e os que estão abaixo na pirâmide seguem as instruções. Além da infra-estrutura da comunicação, outro ponto a que merece bastante atenção nessa fase é a análise das melhores práticas.
Nesse momento, observa-se que tem um melhor ‘know-how’ em determinado procedimento e então se segue como um exemplo. Monitorar as fases cumpridas, vendo se não faltou ou passou alguma coisa em branco é um passo que assegura o processo.
Seguindo, entra-se no terceiro estágio, ‘Medição de Desempenho’. São estabelecidos indicadores dentre os quais devem-se estabelecer alguns como bandeiras vermelhas. Dessa forma, uma análise no andamento do processo e verificação de cada etapa é minuciosamente desenvolvida, visando sempre evitar algum deslize. Uma análise comparativa bastante técnica entre ‘antes’ e ‘depois’ deve ser também feita nesse estágio. A interação das partes também deve ser avaliada.
‘Capacitação do RH’. “Ele tem que estar totalmente voltado a integrar”, comenta Wrobleski. Deve permear toda a organização e linha gerencial.
E, finalmente, a ‘Governança’, que é ‘o principal instrumento de gestão para proporcionar a sustentação da estrutura organizacional’, segundo o palestrante. São interações entre a comunidade de negócios, auditoria independente e conselho fiscal que têm o objetivo de melhorar o desempenho da nova companhia, reduzir seus riscos e criar uma atratividade da organização no mercado financeiro e comercial.
Para que isso seja efetuado, conta o palestrante, leva-se certo tempo. “Um ano de estudo e um ano de implementação”, explica. E completa: “As boas empresas que querem se fundir devem começar a implementar o modelo”.
O evento contou também com as palestras ‘Anel Logístico de São Paulo – A Interação de Modais’, ‘Desenvolvimento de Ferrovias no Brasil’, ‘Perspectivas do Transporte Aéreo de Cargas no Brasil’ e ‘Desenvolvimento dos Portos’.
Por: Bruno Martins – Redação Portal Transporta Brasil
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